Actualmente a freguesia
de Bilhó conta com o apoio de uma colectividade
como forma de preservar e divulgar a cultura local:
Associação para Animação
de Tempos Livres para Crianças, Jovens
e Idosos “Os Arautas Bilhoenses”
Esta colectividade foi fundada a 22 de Dezembro
de 1988, por António Teixeira, Manuel Dias
Fraga e Joaquim de Carvalho. Actualmente conta
com vinte e três sócios e dispõe
de duas valências: apoio domiciliário
e A.T.L..
Ao nível da restauração,
a freguesia tem quatro snack-bares e quatro cafés,
que se encontram distribuídos pelas povoações:
lugar da Feira, Anta, Bobal, Forno da Telha, Bairro
da Feira, Pioledo e Travassos.
Acessível através da Estrada Municipal
Mondim de Basto — Bilhó, a acolhedora
freguesia de Bilhó é possuidora
de um valioso património natural, arqueológico
e arquitectónico, do qual se destaca:
Igreja do São Salvador do Bilhó
Este templo foi construído em
1773, na aldeia de Bilhó.
Capela de São Bartolomeu
Este edifício apresenta uma planta
longitudinal composta por alpendre e nave única,
ambos rectangulares. As fachadas laterais têm
um janelão rectangular e, na da esquerda,
encontra-se a porta de acesso à nave. Interiormente,
destaca-se o retábulo do altar-mor em talha
polícroma, onde se encontram as figuras
de S. Bartolomeu e de Nossa Senhora de Lurdes.
A Capela de São Bartolomeu foi benzida
a 8 de Agosto de 1758, por licença de 4
de Janeiro.
Capela de Santo António
Capela de S. Bento
Situada no lugar de Cavernelhe, a Capela
de S. Bento foi benzida por licença de
13 de Fevereiro de 1755.
Capela de Nossa Senhora do Amparo
Localizada em Pioledo, com data de 24
de Outubro de 1753.
Capela de São Jorge
A Capela de São Jorge, em Anta,
tem como data de benção o dia 18
de Fevereiro de 1753.
Capela de S. Bernardino
Capela de Santa Bárbara
Este edifício, datado de 1733, possui uma
inscrição no campanário:
“HONOR POPULI”.
Capelinha do Senhor do Bom Caminho
Este pequeno templo foi mandado construir
por um devoto galego que terá andado por
estas bandas. Apresenta a seguinte inscrição:
SR DE BONCAMINO
ESTA MANDOU FAZER POR SUA
DEBOZON BENTO PALMEIRO
GALEGO — 1823
Capela de Nossa Senhora do Pilar
Cruzeiros
Na freguesia de Bilhó existem
três cruzeiros: um na sede da freguesia,
perto da residência paroquial, de 1772,
um em Pioledo e outro em Travassos. Para além
destes, encontram-se diversos cruzeiros dispersos
na aldeia de Bilhó, que constituem a Via
Sacra.
Alminhas
Fontenário de São Bartolomeu
Este chafariz foi mandado construir pelo
Abade Jozelino em 1758, conforme se observa na
inscrição que possui: ESTA FONTE
MANDOU FAZER O R. Abb. JOZELINO ANNO 1758 N. SNRA.
DA LAPA S. BARTHOLAMEO.
Ponte Romana
Esta ponte passa sobre o Rio Cabril,
assentando num único arco de volta perfeita.
Casa Brasonada
A Casa do Capitão, como é
designada, foi restaurada há alguns anos
atrás, perdendo a sua originalidade. Teve
brasão esquartelado de Moreiras, que se
encontra incluído no livro XII do Registo
dos Brasões da Nobreza de Portugal, com
a data de 12 de Dezembro de 1748.
Para além deste vasto património
edificado, esta freguesia é detentora de
outros locais merecedores de referência,
como é o caso da Veiga Nova, do Vale das
Gibancas, do Alto da Costa de Bilhó, do
Outeiro dos Noivos e do Parque Natural do Alvão.
Estes espaços agrestes são propícios
à prática de actividades de recreio,
ao lazer e ao contacto com a natureza.
Outra das atracções turísticas
locais é a pesca desportiva, feita nas
margens do Rio Cabril.
TRADIÇÕES
As tradições locais ainda se mantêm
na memória deste povo, que se empenha na
sua preservação, transmitindo-as
de geração em geração.
Então, relacionados com a cultura popular,
merecem referência as lendas e os provérbios.
Lenda da Pia dos Mouros
Reza a lenda que, no baldio da freguesia
de Bilhó, no local denominado Pia dos Mouros,
pela manhã, se encontrava uma senhora sentada
a fazer uma manta de agulheta de pinheiro. Por
ela passou uma outra senhora que vinha de levar
o almoço ao pessoal que trazia a fazer
uma lavoura em Farlengo. A última, ao passar
pela senhora sentada, deu-lhe os bons dias e disse-lhe:
- Levo aqui no cesto um panelo de barro ainda
com leite. Se quiser, eu dou-lho.
A senhora aceitou e, como recompensa, encheu o
panelo de carvões. Quando seguia para casa,
a dona do panelo deitou os carvões fora,
mas ficaram dois ou três pegados ao fundo
do recipiente sem esta se aperceber. Já
em casa, quando ia lavar o panelo reparou que,
em vez de três carvões, tinha lá
três libras.
Neste mesmo lugar, ao amanhecer de um dia de S.
João, um pastor procurava uma cabeça
de gado bovino que lhe faltava. Ao passar pela
dita Pia dos Mouros, encontrou uma senhora que
lhe disse:
- Queres às rasas ou aos punhados?
O senhor respondeu-lhe que preferia às
rasas, e a senhora disse para ele buscar a rasa.
O pastor procurou, e ao voltar ao lugar nada encontrou,
porque entretanto o sol já tinha nascido.
Provérbios
• “Água de trovão,
nuns lados, dá, noutros, não.”
• “Nem Inverno sem capa nem Verão
sem cabaça.”
• “Quem na sopa deita vinho de velho
se faz menino.”
• “Vinho e linho só são
frios um bocadinho.”
• “Merenda comida, companhia desfeita.”
• “Se não queres engordar
come e bebe devagar.”
• “Com unto e pão de milho,
o caldo faz bom trilho.”
• “Casa onde não há
pão, todos ralham e ninguém tem
razão.”
• “Nem mesa sem pão, nem
exército sem capitão.”
• “Quem come a correr do estômago
vem a sofrer.”
• “Noite perdida nunca é
restituída.”
• “De pequenino, se torce o pepino.”
• “Páscoa a assoalhar: Natal
atrás do lar.”
• “Vento suão molha no Inverno,
seca no Verão.”
• “Homem prudente pode mais que
o valente.”
• “Perde-se o velho por não
poder e o novo por não saber.”
Reveladoras do carácter religioso das
gentes de Bilhó, as festas e romarias ainda
permanecem no rol de tradições desta
freguesia. Deste modo, na sede da freguesia realiza-se
a festa em honra de Nossa Senhora de Fátima,
no dia 1 de Janeiro, com a duração
de quatro dias; a festa do Sagrado Coração
de Jesus, por altura da quaresma, com a duração
de oito dias; e a Romaria de São Bartolomeu,
nos dias 23 e 24 de Agosto. No lugar de Travassos
celebra-se ainda a romaria de Santa Bárbara,
no mês de Agosto, durante dois dias.
Para além das festas, a população
de Bilhó conta ainda com a realização
de uma feira quinzenal, aos dias 12 e 27 de cada
mês, excepção feita no dia
27 de Agosto, passando para o dia 24 como feira
anual integrada nas festividades em honra de São
Bartolomeu. Nesta feira anual faz-se a atribuição
de prémios ao gado maronês.
Actualmente, a única forma de divulgação
das danças e cantares tradicionais é
feita nas romarias. A cantiga que mais vezes é
entoada em Bilhó é o Hino que caracteriza
e enaltece a terra, escrita no ano de 1952, com
letra e música de Joaquim de Carvalho.
Hino de Bilhó
I
Bilhó, terra abençoada
Em Trás-os-Montes situada.
Ribeirinha na encosta
Onde produz o verdinho
Que saltando num copinho
A gente tanto dele gosta.
II
Ó Bilhó terrinha querida
Dos teus filhos guarida
Para ti vamos cantar
Exaltemos de alegria
Bendizemos este dia
Contigo vamos folgar.
III
Sempre que um dia passa
Tens a Senhora da Graça
Que é a tua sentinela
No alto do Monte Farinha
Lá está pura e branquinha
Sorrindo p’ra ti tão bela |
IV
Oh paisagem primorosa
Do Bilhó és uma rosa
Ninguém o pode negar
E não o digo só eu
Porque o S. Bartolomeu
Também o pode afirmar.
Coro:
Oh como és tão bela
Minha terra singela
Lindo berço de embalar
Bilhó terra de encanto
Que eu digo: Te amo tanto!
Jamais te hei-de olvidar. |
Os trajes típicos de Bilhó reportam-se
há setenta ou oitenta anos, altura em que
a maioria dos homens usava ceroulas e camisas
de linho caseiro, que era tecido nos teares da
região. As senhoras vestiam blusas de chita
com pregas à frente, saias quase até
aos pés, cintadas e com roda, e saiotes
de tormentos por baixo da saia para ajudar a roda
à saia.
Há cerca de trinta anos atrás,
muitos eram os jogos tradicionais que animavam
o dia-a-dia dos habitantes de Bilhó. O
Jogo do Malhão, o Jogo da Patela e a Cabra-Cega,
os mais característicos da região,
ainda são praticados, mas com menos frequência.
Jogo do Malhão
Este jogo consiste no arremesso da pedra
e deve ser praticado por homens musculados.
Jogo da Patela
No centro do terreno coloca-se um pino
que se tenta derrubar com um bocado de lousa preta
arredondada, denominada patela. Quem conseguisse
derrubar primeiro o pino, vencia o jogo. Nos dias
de hoje, o jogo da patela ainda é praticado,
não com a lousa, mas com umas malhas redondas
de ferro.
CABRA-CEGA
Neste jogo, coloca-se uma venda nos olhos
de um dos jogadores, para ser a cabra cega. Os
outros jogadores andam à sua volta, tocando-lhe,
mas sem se deixarem apanhar. Quando alguém
é apanhado não pode falar, pois
a cabra cega tem que tentar adivinhar quem é
a pessoa. Se conseguir identificar, o jogador
apanhado passa a ser a cabra cega.
GASTRONOMIA
A gastronomia de Bilhó representa
outra peça importante da cultura que caracteriza
esta região. Assim sendo, os pratos típicos
que se evidenciam são: os Milhos, as Couves
com Feijão e o Cozido à Portuguesa.
ARTESANATO
As peças de artesanato que caracterizam
a freguesia de Bilhó são os panos
de linho, os tomentos, as mantas e as passadeiras
de trapo. Em tempos idos, os panos de linho eram
o produto final de um longo processo. Tudo se
iniciava com o amanho da terra, a que se seguia
o semear da linhaça, nascendo assim a planta
com a denominação de linho. Crescia,
brotava uma flor de cor azul claro, que se tornava
numa bolha redonda, a carola, que continha as
sementes (linhaça). Depois da planta tratada
e criada era arrancada e levava-se para junto
do ripo. Aqui era ripada a carola, enquanto se
levava a carola a secar para daí sair a
linhaça. Atava-se o linho em feixes e levava-se
a um poço de água onde estava entre
dez a doze dias a curtir. Em seguida, lavava-se
e punha-se ao sol a secar. Depois de seco era
levado para uma casa de arrumações,
onde era maçado com uma maça de
pau em cima de uma pedra que tinha o nome de maçadouro.
Era então espadado num cortiço com
uma espadela de madeira e assedado num sedeiro.
Neste momento faziam-se dois tipos de fiação:
a estriga de linho e os tomentos. Fazia-se o fio
numa roca com um fuso (fiava-se) e faziam-se maçarocas,
que depois eram desfeitas num sarilho para se
fazerem as meadas. Estas meadas eram depois cozidas
num cortiço com cinza e água a ferver.
Seguidamente eram coradas e, depois de andarem
uns dias à cora, eram dobadas numa dobadoura
e faziam-se novelos. Urdia-se então a teia
numa urdideira de madeira, colocava-se a teia
num tear, enchiam-se as canelas com o fio num
caneleiro e com esse fio tecia-se a teia no tear.
Assim se faziam os panos de linho e os tomentos,
que muito trabalho davam, mas que resultava num
belo trabalho.
As mantas e as passadeiras são feitas com
trapos velhos nos teares de madeira.
O artesanato desta região é estimulado
pela existência do Centro de Artesanato
de Bilhó. |